quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Bolinhos e bolinhós

Em Portugal, especialmente na zona centro e estremadura, no dia 1 de novembro ou de todos-os-santos, as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o Pão-por-Deus (ou o bolinho) de porta em porta. 
As crianças quando pedem o Pão-por-Deus recitam versos e recebem como oferenda: pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, tremoços amêndoas ou castanhas que colocam dentro dos seus sacos de pano, de retalhos ou de borlas.
É também costume em algumas regiões os padrinhos oferecerem um bolo, o Santoro.
Em algumas povoações chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’ ou ‘Dia do Bolinho’.
Os bolinhos típicos são especialmente confecionados para este dia, sendo à base de farinha e erva doce com mel, noutros locais leva batata-doce, abóbora e frutos secos como passas e nozes. 

São vários os versos para pedir os Bolinhos e bolinhós ou Pão-por-Deus:

Ó tia, dá Pão-por-Deus?
Se o não tem Dê-lho Deus!
Ou então:


Bolinhos e bolinhos
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Qu'estão mortos, enterrados
À porta daquela cruz
ou


Pão, pão por deus à mangarola,
encham-me o saco,
e vou-me embora.


Tenho um saco à gringola,
se mo encherem vou-me embora!

ou


Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus.



ou
Truz! Truz! Truz!

A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
Para vir dar um tostãozinho.



Quando os donos da casa dão alguma coisa:

Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho.


Como não é muito aceitável rejeitar o bolinho às crianças, as desculpas eram criativas:

Olha foram-me os ratos ao pote e não me deixaram farelo nem farelote

A quem lhes recusa o Pão-por-Deus roga-se uma praga em verso:
O gorgulho gorgulhote,
lhe dê no pote,
e lhe não deixe,
farelo nem farelote.

ou

Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto.


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